Arte & Cultura

Agregar valor às coisas e às pessoas

Um produto ou serviço com repertório contém valor

Termo recorrente no mercado de luxo, o que significa, de fato, agregar valor a um produto, a um serviço, a uma pessoa? Em qual momento determinamos que algo ou alguém possuem valor agregado? É perceptível esse incremento de valores? É facilmente detectável ou requer uma narrativa meticulosamente contada?

Tantas questões para algo que, no fundo, não parece difícil. Mas é e muito. A complexidade existe sim, mas no ato criativo e engenhoso de saber quais fatores extraordinários serão inseridos num determinado produto, serviço ou em uma pessoa. Determinar quais serão os acréscimos deve ser uma ação prévia e bem calculada. Há que se conhecer bem o produto ou serviço e a quem ele se destina. Há que se elaborar uma estratégia e em muitos casos essas adições não são visíveis, mas apenas sentidas.

Um produto é composto por matérias primas, manufatura, tudo de acordo com um processo criativo. Ganha uma marca e está pronto para ser comercializado em determinados pontos de venda. Quando um produto contém repertório e conta uma história ele ganha valor. Seu preço, metaforicamente, cai e passa a ser menos considerado na hora da compra. Uma joia deixa de ser um objeto, um automóvel deixa de ser um veículo, um hotel deixa de ser um local apenas de hospedagem. Quando agregamos valores, tudo se torna amplo, vasto e também desejável.

Para agregar valor a um serviço, possivelmente, o processo seja mais complexo. Muitos dos, digamos, acréscimos, são intangíveis, às vezes ocultos. Mas que sejam obrigatoriamente sentidos e percebidos. Mas afinal o que seria um serviço com valor agregado? Muito mais subjetivos, as características de um serviço estão ocultas nos detalhes. Grandes grifes do mercado de moda e também de decoração, investem em aromas harmoniosos que nos convidam a permanecer mais tempo em suas lojas. Adequam a temperatura do ar condicionado para que seja eficiente e agradável. Um projeto de iluminação é item obrigatório e colaboram no processo de venda. Aroma, temperatura e luz não são vistos, mas sentidos. Outras características são bem apreciadas aos olhos, como um arranjo de flores bem posicionado, o layout dos móveis e prateleiras. A disposição dos produtos dentro da loja. Sem falar na limpeza plena do estabelecimento, que deveria ser obrigatória. 

São em serviços que o valor agregado se aplica também às pessoas, justamente naquelas que farão o atendimento ao público. Um sorriso no rosto, disposição para explicar mas, antes de tudo, para ouvir o cliente. Educação, conhecimento prévio dos produtos ou serviços a fim de destacar suas características. Sem descuidar da aparência, da imagem externa que também conta muito, tanto que muitos estabelecimentos optam por criar uma uniformidade na vestimenta.

Agregar valor a uma pessoa é tarefa para uma vida toda. Inicialmente, deveria partir dela própria. Estudos, estudos e mais estudos, além de uma boa dose de experiência de vida e também profissional. Naturalmente, uma pessoa com mais idade, em tese, tem mais valor intrínseco. Porém, quando uma pessoa se torna produto de si mesma, ou seja, quando ela comercializa sua imagem, seja para o que for, torna-se necessária a ajuda de alguém, de um especialista que vai cuidar de sua aparência, de seu comportamento, de suas falas e incutir nela alguns valores que atinjam diretamente seu público alvo. Isso funciona tanto para um consultor de vendas quanto para um artista. Vestir, falar e agir de acordo com o que seu público anseia são grandes trunfos para o sucesso.

Num mundo globalizado, destacar-se requer esforço e disciplina. Muitos produzem, poucos enriquecem. Muitos oferecem, poucos são comprados. O que faz a diferença é o diferente. Sucesso é para poucos, justamente para aqueles que sabem agregar valor às coisas. E o mais importante: saber agregar valor a nós mesmos é fundamental, trata-se de um objetivo de vida.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Les Cinq Sens.

Veja também:

You may also like