Uma imagem não é apenas uma imagem!
Quando observamos um quadro, uma escultura, uma construção arquitetônica, uma paisagem qualquer, imediatamente somos inundados das mais diversas informações. Se nos detivermos um pouco mais, começaremos a admirar tudo à nossa volta e descobrir detalhes, minúcias, significados. Sentimentos afloram e um cabedal de emoções e percepções se formam em nossa mente. O mesmo ocorre quando ouvimos uma música, sentimos um aroma, experimentamos sabores, tocamos em algo. Tudo isso acontece porque possuímos algo em nosso ser que se conecta e nos remete a algo externo. Essa conexão entre nosso íntimo e o que está fora ocorre a todo instante, invariavelmente, e resulta em reações e comportamentos não necessariamente bons, porém diversos e indispensáveis à nossa vida.
Vou me ater aqui ao olhar, ao observar, ao admirar, ao enxergar, ao ver. Este nosso sentido tão lúdico quanto mágico: a visão. Visão que nos direciona, nos orienta, nos dá apoio e sustentação e que também nos faz irmos longe, porque uma imagem não é apenas uma imagem!
O grande momento da percepção do olhar, do admirar-se com algo diante dos olhos é um de nossos maiores prazeres existenciais. Trata-se daquela sensação de estarmos diante da beleza, do “Belo”, que nada mais é senão a essência da “Verdade”, como nos ensina tão bem Platão. Tudo o que existe, tudo o que está ao nosso redor, à nossa frente é material, solidamente arquitetado pela natureza e também pelas mãos do homem. Cabe a nós, embasados pelo nosso repertório cultural e intangível, extraírmos a essência dessa realidade, descobrirmos a riqueza de cada coisa existente e assim chegarmos à alma, ao profundo sentimento do ser, razão do existir.
Como não sonhar com o mar – e todo o seu entorno – magnífico à nossa frente? Como não transpor em pensamentos o movimento das ondas ou se regozijar com todo aquele contexto luminoso que se forma pela manhã e também pelo findar-se da tarde? Toda a nossa imaginação, diante de tanto esplendor, é posta à prova e se mune de elementos diversos para nos inspirar.
Como não se extasiar diante da Catedral de Firenze? Como não se emocionar diante do ápice da genialidade humana, o David de Michelangelo? Harmonia maior não há em quaisquer outras obras de arte! E diante de imensas grandiosidades estéticas, nosso processo criativo interno se expande. Para inovar, basta exceder-se além do olhar.
A visão sempre nos remete a algo mais, pois vai muito além da realidade. A conexão entre o globo ocular e o nosso cérebro é imensa e gera os mais interessantes resultados e significados, pois traz de volta infinitas memórias e ainda inspira diversas e criativas ações futuras.
Mas tudo isso só é possível se tivermos conteúdo diversificado, se o nosso repertório de saberes for, de fato, amplo. Educação e Cultura devem fazer parte de nosso cotidiano, pois só o estudo nos faz melhores e o conhecimento nos torna sábios. Tudo isso enriquece e contribui para o aprimoramento de nosso olhar. Nossa percepção sobre o mundo se eleva e torna nossa existência uma sucessão de experiências inesquecíveis.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Les Cinq Sens.