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“O olfato e o aroma da generosidade.”

Pesquisando sobre o tema escolhido encontrei o seguinte texto, atribuído à Fernando Pessoa:

“O olfato é uma vista estranha. Evoca paisagens sentimentais por um desenhar súbito do subconsciente. Tenho sentido isto muitas vezes. Passo numa rua. Não vejo nada, ou antes, olhando tudo, vejo como toda a gente vê. Sei que vou por uma rua e não sei que ela existe com lados e feitios de casas diferentes e construídas por gente humana. Passo numa rua. De uma padaria sai um cheiro a pão que nauseia por doce no cheiro dele: e a minha infância ergue-se de determinado bairro distante, e outra padaria me surge daquele reino das fadas que é tudo o que se nos morreu. Passo numa rua. Cheira de repente às frutas do tabuleiro inclinado da loja estreita; e a minha breve vida no campo, não sei já quando nem onde, tem árvores ao fim e sossego no meu coração, indiscutivelmente menino. (…)” – Fernando Pessoa- (fonte: oscincisentidosdapoesia).

Inspirador como sempre…e vou tomar a liberdade neste mês de escolher este sentido. De imediato recordo da cena no desenho animado “Ratatouille” (Produção da Disney de 2007), quando o “feroz” e” inclemente” crítico do restaurante comandado pelos personagens principais se rende ao aroma e sabor do prato estimado da sua infância, de mesmo nome do desenho.

Quem assistiu ou assistirá provavelmente fará a mesma viagem afetiva aos aromas que marcam nossas vidas….

O meu convite neste mês é buscar nossas memórias olfativas e deixar que elas nos guiem para ampliar nossa percepção e posicionamento em tudo que fazemos profissionalmente….

Aguçar nossas percepções nos ajuda a seguir a intuição e nos prepara para aplicar o nosso melhor, respeitando nossas competências, conhecimentos e limites. Aguçar o nosso olfato trará subsídio para evitar aquilo que intuitivamente dizemos para nós mesmos:”…isto aqui não está cheirando bem”, quando temos dúvidas e resistências ao que pode ser muito distinto e desafiador aos nossos padrões, hábitos e crenças.

Creio que a solução está no exercício, no atuar quase como um perfumista que pesquisa diferentes essências de variadas fontes para transformar tais elementos em fragrâncias únicas e ao mesmo tempo capazes de enlevar e marcar as melhores sensações e vivências. Que privilégio atuar com Recursos Humanos para exercer tais habilidades.

Tenho certeza que criar um perfume envolve respeitar as referências internas e combinar com propósito de oferecer ao outro, algo que o acompanhará em muitos e importantes momentos.

E por que o aroma da generosidade?

Bem, aqui vai uma licença de homenagear pessoas raras e de total importância na minha vida: minha mãe Dalva e minhas irmãs Sandra e Sheila.

D. Dalva recendia o cheiro de alegria, de força e da boa vaidade e seus perfumes favoritos seguem no meu coração e para meu uso, quando preciso potencializar a força sem perder o feminino. Não preciso dizer que são os predominantemente doces….

Sheila, aniversariante do mês e irmã mais nova, traz a determinação, a agilidade e às vezes a impaciência necessária para ação que os perfumes mais cítricos e inusitados trazem….

…E Sandra, bem a Sandra, é um capítulo à parte: aromas suaves, também cítricos, mas marcantes porque assim ela o é na sua discrição, mas permanente na atenção e no carinho com o outro…de um sorriso enorme como seu coração. E outra aniversariante do mês.

Este trio que abençoou a minha vida é todo regido por signos do FOGO (duas de Áries e uma de Leão)… fogo que alimenta a vida, que provê a alquimia dos perfumes para me tornar cada dia mais inspirada….

Delas obtive bases sólidas para a minha escolha e atuação profissional, que combinadas com tantas outras raras e excelentes referências de meus gestores e colegas de área me fortaleceram no exercício do olhar e atuar junto ao outro no seu desenvolvimento, na descoberta e incentivo para que cada um exale sua própria essência.

Fica aqui minha sugestão para todos lembrarem dos seus entes queridos, de quaisquer origens ou relacionamentos, pelos seus doces aromas e agradecer que a vida seja tão generosa conosco.

Boa reflexão e até o próximo mês!


* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Les Cinq Sens.

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