De 4 de outubro a 5 de novembro, “Da infinidade da linha e da (im)perfeição das pedras” reúne cerca de 25 pinturas produzidas durante a pandemia
A Galeria Estação, uma das mais celebradas vitrines da arte brasileira, inaugura, em 4 de outubro, a exposição “Da infinidade da linha e da (im)perfeição das pedras”, que poderá ser vista pelo público até 5 de novembro. Sob a curadoria de Camila Bechelany, a mostra reúne cerca de 25 pinturas produzidas por Germana Monte-Mór nos últimos três anos. “São obras de diferentes dimensões caracterizadas por cores sólidas e justapostas, derivando as formas orgânicas que expressam a linguagem imagética da artista. Nelas, o plano da pintura ganha profundidade pela criação de fronteiras entre as formas por meio da aplicação de pigmentos, de asfalto sobre o tecido ou, ainda, por meio de incisões na tela”, diz Camila, que, ao abordar o trabalho de Germana, evoca um trecho do poema “Educação pela pedra”, de João Cabral de Melo Neto, que diz assim: “… No Sertão a pedra não sabe lecionar/ e se lecionasse, não ensinaria nada/ lá não se aprende a pedra: lá a pedra/ uma pedra de nascença, entranha a alma”.
De acordo com a galerista e colecionadora de arte Vilma Eid, anfitriã da Galeria Estação, a artista aproveitou muito bem o período de confinamento durante a pandemia para produzir bastante. Agora, essas pinturas compõem a segunda exposição individual de Germana Monte-Mór neste espaço cultural de Pinheiros. A primeira aconteceu em 2017, quando ela desenvolveu, na galeria, o núcleo de trabalho com artistas contemporâneos. “Germana é uma artista experiente, talentosa e consagrada. Ela mantém as mesmas formas de linhas orgânicas e curvilíneas, introduziu a cor, o feltro e as telas duplas, mantendo a mesma assinatura que nos leva imediatamente a reconhecer sua obra”, afirma Vilma.
Ainda nas palavras de Camila, a exposição espelha as múltiplas perspectivas pelas quais Germana observa as dimensões da vida. “Nas pinturas maiores, as formas lembram caminhos de rios sobre um terreno acidentado e rochoso, assemelhando-se a detalhes de mapas topográficos. A artista, que busca, desde o início de sua trajetória, modos de traçar linhas sobre o plano delimitando áreas de cor e matéria, encontrou uma nova forma de transposição de sua poética do papel para um espaço tridimensional criado sobre a superfície”, analisa.
Germana segue abrindo novos caminhos em sua sofisticada e engenhosa geografia criativa. “As formas que eu criava eram acompanhadas de sombras, que eu fazia na própria pintura. Agora, utilizo duas telas sobrepostas e essas sombras surgem em uma das camadas de forma concreta”, explica.