Para quem não associou o título deste texto com o cinema, lembro que “Un Certain Regard” (UCR) é uma mostra paralela à seleção oficial do famoso Festival de Cannes. Foi lançada durante a edição de 1978 do festival. Um dos objetivos da mostra é colocar em perspectiva um cinema que traga abordagens e visões menos típicas do que as apresentadas na seleção principal e que premia/ reconhece cineastas pouco conhecidos.
Na mostra 2019, tivemos um filme brasileiro “A Vida Invisível” produção teuto-brasileiro, dirigido por Karim Aïnouz, que foi co-autor do roteiro em com Murilo Hauser e Inés Bortagaray. A história é baseada no livro “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, da escritora pernambucana Martha Batalha.
E este filme/ livro trata do drama de duas irmãs, uma sonhando em ser pianista profissional e famosa e a outra em buscar viver um grande amor. Separadas pelo pai, nunca desistem de se reencontrar e buscar seus sonhos.
E o que isto tem a ver com o restante do título deste texto? (você que me honra com sua leitura deve estar se perguntando…)
O cinema é uma grande referência na minha vida pessoal e profissional, herdada de família e um esteio para seguir sonhando e aprendendo. Conhecer a história das pessoas, conviver com seus sonhos e expectativas e atuar numa área que essencialmente se refere ao humano foi um grande presente que a vida me deu, desde o início da formação acadêmica pré faculdade de Psicologia e coroada com uma trajetória de realização em RH.
E aí, agora, com mais de 30 anos atuando nesta área sou honrada com convite de escrever para “Les 5 Sens”, com foco em gestão de RH no segmento do luxo, onde atuei como gestora de RH por bons e intensos 10 anos antes do momento atual como consultora.
Impossível falar em luxo, sem lembrar de França e da minha experiência com significativa marca hotelaria de um grupo francês. Pode parecer obvio isto tudo, mas sabem que o principal aprendizado foi desenvolver um “certain regard” (“um certo olhar”) para os verdadeiros atores, roteiristas, cenógrafos, fotógrafos, figurinistas e toda sorte de profissionais que fazem um filme virar realidade.
Um filme que nem sempre traz à público todo o trabalho de bastidores, carregados de emoção, paixão, competência e compromisso para que cada 2 clientes possam viver a magia de ser protagonista de seus sonhos e experienciar vida em toda sua amplitude.
Sinto me confortável por ter conhecimento em RH e todos seus sistemas, por vezes complexos, outras tantas burocráticos e com práticas aquém da beleza e desafios voltados para amparar o humano.
Mas sou ainda mais grata pelos desafios e oportunidades que atuar em RH traz. E não saber fórmulas que prometem toda precisão e sim manter o encantamento de olhar cada momento pela sua unicidade.
Claro que muitas vezes preferi estar como uma espectadora no meio de tantos roteiros e tramas mirabolantes, lidando com roteiros “previsíveis” e elencos e ambientes que não faziam jus à beleza e altura do que podia ser alcançado, mas no fundo tudo vale a pena… mesmo quando o final do filme de aquela sensação de vazio.
Esta dinâmica implícita no trato do humano; a possibilidade de nos reinventarmos, de ampliar as possibilidades em ser coautores dos enredos, de organizar e prover soluções que impactam nos negócios de um segmento que prima pela exclusividade e valorização da experiência de cada um é um bálsamo para mim.
Que eu possa estar à altura do que “Le 5 sens” propõe e consiga compartilhar as vivências, dúvidas e projetos… e que o resultado seja para todos um olhar especial e inovador para o tema tão presente nas nossas vidas.
Muito obrigada pela sua leitura, pela oportunidade de me expressar…e que esta “pré-estreia “os motivem para seguir nesta “singela mostra”.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Les Cinq Sens.