Mercado

Segmento de luxo em alerta na China

“Na China, a classe média não recuperou o apetite feroz por produtos de luxo” Joëlle de Montgolfier, Bain & Company

O mercado global de bens de luxo apresentou uma ligeira desaceleração no primeiro trimestre de 2024, segundo um estudo da Bain & Company-Altagamma. Joëlle de Montgolfier, vice-presidente de Assuntos do Consumidor, Distribuição e Luxo da Bain & Company, aponta a polarização como tendência central no setor.

Polarização no Mercado de Luxo

A polarização se reflete no desempenho desigual das marcas, que enfrentam desafios distintos conforme o crescimento desacelera. No período de 2021 a 2022, 95% das marcas apresentaram crescimento positivo. No entanto, entre 2022 e 2023, apenas dois terços das marcas continuaram a crescer, com os consumidores demonstrando preferência por marcas mais fortes e consolidadas. A tendência deve persistir em 2024, com um desempenho fraco no primeiro trimestre que pode impactar negativamente marcas menos reconhecidas.

Mercados Regionais e “Vergonha do Luxo” na China

A situação varia conforme a região. Nos Estados Unidos, a maioria das marcas está desacelerando, enquanto na Europa, o mercado permanece resiliente, impulsionado por consumidores locais e turismo. Na China, a recuperação pós-Covid ainda é lenta e a classe média mantém-se cautelosa em relação aos gastos com produtos de luxo, refletindo o fenômeno da “Vergonha do Luxo”. Enquanto a demanda por itens mais discretos cresce, o consumo de luxo em viagens ao Japão e Europa aponta para uma recuperação futura.

Impacto na Geração Z e Novos Desafios para o Setor

A desaceleração do consumo de luxo pela Geração Z, que foi um dos principais motores de crescimento nos últimos anos, é notável, especialmente em mercados como o chinês, onde o desemprego jovem aumenta. Já para os consumidores aspiracionais, que compõem uma grande parcela da base de clientes, as marcas precisam repensar suas estratégias de preços e oferta para evitar exclusão e reconquistar esse público.

Perspectivas para 2024

Apesar do início difícil, Montgolfier se mantém otimista para o restante do ano. A expectativa é de uma estabilização gradual nos EUA, uma normalização na China e um crescimento constante nos mercados europeu e japonês. O cenário mais conservador prevê um crescimento de até 4%, enquanto o mais otimista chega a 6%, impulsionado, especialmente, por gastos com experiências de luxo, como turismo.

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