por Barbara Teisseire
Há 9 anos, o Barão Philippe de Nicolay Rothschild se instalou definitivamente no Brasil. Vindo de uma família tradicional da França, dona de um império de bancos e vinícolas há mais de 160 anos, o barão não tem a menor intenção de sair daqui. Apaixonado pela beleza e clima deste país tropical, veio para cá com a intenção de abrir um banco. Hoje, aos 63 anos, ele está no topo de uma importadora de vinhos, PNR Import, que veio para mudar a maneira com que é feita a distribuição desta bebida em território brasileiro. Com 50 rótulos da Domaine Barons de Rothschild disponíveis no Brasil, o objetivo do barão é expandir o canal de importação para atuar com comerciantes no país todo e não apenas no território paulistano.
Qual foi a sua primeira impressão ao conhecer o mercado brasileiro de vinhos?
Fiquei surpreso ao ver preços abusivos e altíssima taxação de impostos em rótulos simples que lá fora são muito mais acessíveis. Meu objetivo ao abrir este negócio foi, e sempre será, comercializar esta bebida tão saudável e fluída com preços mais justos para o mercado brasileiro. Acredito que haverá cada vez mais interesse do brasileiro em vinhos se estes forem vendidos a preços honestos.
O Brasil tem um dos menores índices de consumo per capita de vinho no mundo, como você pretende modificar esta situação?
Em climas tropicais como o daqui se consome muito mais bebidas destiladas, como a cachaça, do que bebidas como o vinho, típicas de países de climas mais frios. Na China também era assim, mas o mercado vem mudando muito. Acho que o fator principal para essa mudança foi a maior disponibilidade de rótulos no mercado, mas é preciso trabalhar também a divulgação dos benefícios do vinho para a saúde.
Sobre a China, ela é hoje em dia o 5° maior consumidor de vinho tinto mundial. Quais são seus projetos de investimento no país?
Estamos negociando vinícolas no tigre asiático e desenvolvendo rótulos exclusivos para o paladar do consumidor chinês. Ainda precisamos observar como será a aceitação desse vinho no mercado, por isso é algo exclusivo para a China neste momento.
Quais são os mercados novo-mundo mais promissores para este setor no momento?
Temos vendo um crescimento do interesse pelo vinho por parte de 3 principais países: o Chile, a Argentina e a Austrália. No Brasil, apesar de o interesse ser grande, ainda não se equipara a estes e não podemos dizer que é uma nação amante do vinho. Mas muitos investimentos estão sendo feitos nestes 3 países, principalmente os 2 da América Latina.
Como foi tomada a decisão de abrir um clube de vinhos no Brasil?
Foi principalmente para incentivar o consumo desta bebida por parte dos brasileiros e para ter uma relação direta com o consumidor final do produto.
E por que mesclar os rótulos Domaine Barons de Rothschild com outras marcas e vinícolas?
Não acho que seria justo um clube de vinhos apenas com os rótulos de minha família, por isso montei um acervo com garrafas de muitos outros lugares e tradições diferentes que eu aprecio e acredito que o brasileiro também possa apreciar. No momento, contamos com 180 rótulos variados no portfólio do clube. É importante nos mantermos abertos a experimentar coisas e experiências novas, independentemente da idade. O paladar muda com o passar do tempo e podemos nos encantar com sabores diferentes todo dia se estivermos abertos a isso.
Qual o motivo que incitou a mudança do nome do clube de Magnum Club para Edega?
Magnum é um tradicional vinho português, mas também é um modelo de revolver e uma marca de sorvetes. Isto gera confusão entre aqueles que procuram por nós e, ao mudar o nome para algo mais intuitivo a todos, estamos buscando por maior visibilidade dentro deste ramo
Você pode falar um pouco mais sobre os futuros projetos da DBR e da PNR?
No momento estamos focados na produção do vinho para o mercado chinês e em como ele será recebido pelo consumidor. Se tivermos um resultado positivo, partiremos para uma comercialização internacional deste rótulo. Além disso, estamos com novas propriedades no Chile e na Argentina, onde queremos observar melhor o desenvolvimento de nossa marca junto de parceiros locais. Ainda é muito cedo para dizer onde iremos investir depois disso tudo.